Câmara Setorial de Dança será articulada só por mulheres

 

Empoderadas e articuladas, assim podem ser adjetivadas as novas articuladoras da Câmara de Dança de Rio Branco, eleitas no último dia 22 de agosto, em eleição on-line, que contou com a participação de vários representantes de grupos e companhias de dança da capital acreana.

O consenso em torno dos nomes de Samara Raquel, Jackline Silva e Melissa Abrantes, se tornou tão latente que a chapa foi eleita por aclamação, uma vez que não houve, entre os presentes, alguém disposto a concorrer com as mesmas. O mandato terá duração de dois anos (2020/2022), e, ao que tudo indica, haverá inovação na dinâmica de articulação da dança, na esfera municipal.

Em relação ao processo eleitoral, a experiente Jackline Silva destacou o caráter democrático da eleição e a participação dos grupos.

“A eleição para a escolha dos articuladores de 2020, eu vi como a mais democrática possível. Os grupos receberam o chamado dos líderes do movimento e após conversa onde foram realizados alguns esclarecimentos atenderam de pronto o pedido do movimento”, ressaltou Jackline.

Em relação aos principais desafios, Jackline disse acreditar “que o grande desafio será catalogar os grupos existentes e fazer o processo de inserção junto ao movimento, fazer com que os grupos percebam que precisam participar do sistema para seu desenvolvimento”, destacou.

Ao ser indagada sobre sua contribuição para dinamizar a articulação da dança juntamente com Samara Raquel e Melissa Abrantes, Jackline manteve a discrição e priorizou o espírito colaborativo.

“A decisão de continuar ou participar dos grupos de articuladores, é muito mais no sentido de ser apoio da Samara e Melissa. Precisamos de sangue novo dentro desse movimento, para que os dirigentes governamentais, não pense que a decisão é de uma única pessoa e sim de um coletivo.

Apesar de sermos de linhas de atividades distinta, temos o mesmo interesse em comum, fazer o movimento de dança crescer e ter autonomia e o respeito junto aos outros segmentos artísticos”, esclareceu a articuladora.

 

Ao analisar a situação da dança na conjuntura atual, Jackline manifestou suas preocupações em forma de desabafo e destacou a necessidade de conscientização dos dirigentes e participantes dos grupos.

“Desde muito tempo, que existe os grupos, companhias e academias de danças, que fazem muito trabalho artísticos e que não tem notoriedade ou visibilidade artística.

Aqui no estado ainda é bem pior a situação, por perceber que os próprios dirigentes e participantes de grupo de dança não valorizam sua arte e ainda existe uma competitividade acirrada entre grupos.

Quando comecei a trabalhar com dança percebi uma grande dificuldade em se inserir no mercado de trabalho. Resolvi então, participar dos poucos que começaram o movimento e junto com eles criar uma política voltada para o segmento, com suas particularidades. Também fazer com que os grupos, entendessem que separados somos apenas mais um grupo e que juntos somos mais fortes.

A partir do momento em que comecei a participar, também cresci muito, ao entender que preciso fazer parte das comissões, fóruns, assembleias e por ai vai...

Entender como o sistema público funciona e a importância que tem para o movimento. Sem contar que participar com os demais grupos para um bem comum, não tem preço”, finalizou.

 

O Voz da Dança tentou ouvir as opiniões e expectativas da articuladora titular, Samara Raquel, e da outra suplente, Melissa Abrantes, mas não obteve respostas.